quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Rapidinho.... mais um ano se passou!


Mais um ano se passou em nosso Blog. Um ano difícil para todos pelas crises que passamos, mas sem esmorecer no desejo e na construção de um SUS mais justo, equânime e participativo. Obrigado a tod@s por cada momento que estivemos juntos! Presencialmente ou não, fizemos construções possíveis, reconstruções necessárias, e aberturas de novos caminhos desejados. Certamente nossos sonhos continuam em construção constante para se tornarem realidade. Mas para isso precisamos de tod@s! Sem vocês este espaço não seria o mesmo, nem a caminhada seria tão prazerosa. Mais uma vez OBRIGADO! E em nome destes bons encontros fica como mensagem final de 2016 uma poesia. Boa leitura!

 Por que Cantamos (Mário Benedetti)

Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel

você perguntará por que cantamos

se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha

você perguntará por que cantamos

se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram as árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro

você perguntará por que cantamos

cantamos porque o rio esta soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino

cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos

cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota

cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta

cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.


(Antologia Poética – Mário Benedetti – “Só quando transgrido alguma ordem o futuro se torna respirável”.)



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