O racismo tem sido um dos entraves para o acesso da população negra ao Sistema Único de Saúde. O problema, que ocorre em todo o Brasil, fez com que a Assessoria de Gestão Estratégica e Participativa da Secretaria de Estado de Saúde iniciasse atividades com o objetivo de elaborar propostas de intervenção para a promoção da equidade étnico-racial na atenção à saúde. A criação do Comitê Técnico Estadual da Saúde da População Negra foi um dos passos mais importantes, mas para a assessora Carina Pacheco, há muito a percorrer.
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Para Carina, a igualdade pode ser alcançada através de políticas públicas |
O Sistema Único de Saúde é baseado no princípio da universalidade. De onde vem a desigualdade?
O SUS é universal, mas o acesso e a qualidade de atendimento não.
Inúmeros estudos evidenciam a existência de disparidades ao longo dos
anos, sendo que a população negra detém alguns dos piores indicadores –
maiores taxas de mortalidade infantil, materna e por causas externas
como homicídios, além de doenças epidemiológicas, entre outras.
Como pode ser enfrentado o racismo institucional nas unidades de saúde?
O racismo é uma doença social que causa sofrimento físico e emocional,
por isso deve ser confrontada através de uma Política de Saúde Pública.
Propomos esse debate no IV Seminário Estadual de Saúde da População
Negra, realizado em novembro. A proposta é promover mudanças de
comportamento nos profissionais de saúde, levando a uma sensibilização
sobre o tema.
Quais as doenças mais predominantes entre a população negra?
São várias. Entre as de origem genéticas há a doença falciforme. Outras
têm evolução agravada pela dificuldade de acesso à saúde, como no caso
de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Outras ainda são
adquiridas em condições desfavoráveis como abortos sépticos e
transtornos mentais.
Quais são os avanços para combate à desigualdade no atendimento à saúde?
Em 2013, vamos capacitar os profissionais que trabalham nas UPAs e
hospitais estaduais para o preenchimento do quesito raça/cor nos
sistemas de saúde. Assim será possível evidenciar a amplitude da
discriminação nos serviços de saúde pública.
(Fonte: Informativo da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro Ano 4 | nº 28 - 2012)